segunda-feira, 30 de julho de 2012

O que eu aprendi no eted parte 01


È preciso quebrar pedras!
Quando fui para uma aldeia guajajara próximo a Barra do Corda – Ma, nunca imaginei que poderia aprender com eles uma coisa tão simples mas ao mesmo tempo tão encantadora. Nós da jocum São Luis fomos convidados para terminar o telhado da Igreja Crista Indígena daquele lugar, os homens fortes iriam trabalhar com telhas e cimentos e nós mulheres iriam trabalhar e se relacionar com as crianças e indígenas. No entanto não foi com a programação específica que me chamou atenção, mas foi uma atividade que ao longo do dia os guajajaras fizeram.
Ao sermos instruídas para trabalhar com crianças o grupo de mulheres resolveu chamar o público por perto, então saíram pela área para isso, no entanto eu fiquei junto com outras mulheres inclusive indígenas. E a líder missionária falou na língua guajajara algo que não entendi ao ouvir, lógico, mas, entendi ao ver. Elas começaram a pegar pedras de médio porte e levar para um local mais reservado, e fazer ali um monte de pedras. Então eu busquei ajudar carregando algumas pedras, porém fraca levava as menores enquanto as indígenas sem menor esforço levavam as grandes.
No monte elas se sentaram e começaram a quebrar as pedras. Não usavam de força, mas de jeito. E foi aí que eu percebi algo que me tocou. Até para quebrar pedras é preciso de sabedoria, pois tem que deixar beiradas, porque se virar esfera ela não quebra mais.  E não pode ser qualquer pessoa para quebrar pedra tem que ter jeito, prática. Muitas mulheres brancas, jocumeiras tentaram quebrar porém sem resultados.
 É preciso quebrar pedras, pedras da incredulidade, religiosidade, pedras que erguem muralhas e separam o índio das igrejas, e o faz ser um povo esquecido do coração do homem, mas nunca de Deus. È preciso quebrar, não com força, mas com jeito, e fazer das pedras partidas, uma matéria para a base solida da Igreja de Deus. Que venha o teu Reino!

Tribo Guajajara. Barra do Corda-MA
Foto: Samuel Lima

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