14. Duda_ Amor de Mãe
Depois que Billy fugiu, nós ficamos
muito abatidos e tristes pelo fato de não o termos mais conosco. Dolly também
sentiu muito e nos deixava preocupados. Ela sempre era a primeira a entrar em
casa e quando Billy ainda estava por lá, virava para ele, latia e ameaçava-o
morder. Depois que ele fugiu Dolly continuava a entrar em casa do mesmo jeito.
Ela virava, latia e mordia o ar, pois já não tinha ninguém. Foi então que
percebemos que Dolly precisaria de mais um companheiro.
Desta vez escolhemos uma fêmea e
como de costume procuramos Tia Elaine, amante dos cachorrinhos. E ela nos disse
que sua cadela mais jovem, a Jude, daria em poucos dias a luz a vários
filhotes. Eu não escolhi pois tinha poucas fêmeas, mas a minha tia escolheu
para mim a cadela mais bonita da cria. Ela era forte, com nariz grande, patas
bem curtas e grossas e olhos miúdos. Era uma daschund marrom das mais
elegantes. Duda foi o seu nome escolhido.
Duda já veio um pouco grande para
casa, ao contrário dos outros cachorros e por isso no início foi difícil. Duda
tinha três meses quando eu tive que colocar para dormir. Na primeira noite ela
chorou, mas logo depois ela já estava enturmada, mordendo o calcanhar de Dolly.
Duda cresceu e com ela a
responsabilidade de ser mãe, podíamos ver que ela poderia dar boas crias. Nós
esperamos ela completar um ano para colocar para cruzar e esperamos um macho
interessante. Quando ela estava pronta nós arranjamos um, não era de pedigree
como a Duda, mas era o simpático Nick, o marido que daria muitos filhotes a
Duda.
Com ele foram duas crias: a
primeira Duda teve uma fêmea e cinco machos, na segunda teve duas fêmeas e
quatro machos. Duda sofreu para dar vida a todos eles. Como era um pouco obesa
e baixinha, sentia muita falta de ar, suas pernas curtas faziam muito esforço
para carregar o peso de sua barriga que crescia demais até porque eram seis
filhotes. A dor às vezes era tão grande que ela nos procurava para pedir ajuda.
Mas na hora do parto, Duda se saia muito bem. Uma parteira de primeira. Como
Deus faz tudo perfeito. Um a um Duda ia retirando a placenta que os envolviam e
quando tudo estava limpo, Duda lambia as narinas dos filhotes, e eles como num
passo de mágico davam o seu primeiro suspiro neste mundo terreno.
Duda era uma mãe completa, o seu
cuidado era com todos e por toda a parte, até mesmo quando eles estavam
crescidos, com dois meses, ela os vigiava. E numa destas guaritas Duda começou
a latir e olhar para a geladeira. Duda nunca tinha feito isso. Para pedir
comida, Duda chorava, não latia e nunca tinha latido tão forte. Eu na mesma
hora percebi que havia algo errado. Quando eu observei os cantos da geladeira
eu avistei uma bola peluda e marrom. Era um dos filhotes da Duda, e uns dos
mais bagunceiros. E ela sabia disso, por isso clamou a todos que estavam
naquele lugar para tirar dali o seu filhote amado.
Com o mesmo filhote teve outro
acontecimento. Ele corria demais, e era muito esperto, não se aquietava, tinha
muita energia para gastar. Como ele era muito rápido, minha mãe não o viu, e
colocou os pés da cadeira no rabinho dele. Escandaloso, Paquito, nome que
chamávamos carinhosamente, deu um berro que desorientou Duda, ela não sabia o
que fazer, queria até levá-lo na boca, mas ele não cabia mais. Paquito sentindo
muita dor deitou em cima da cômoda que ficava na sala. Duda deitou logo abaixo
e ficou ali por muito tempo até o Paquito sentir melhor e partir para outra.
Que mãe! Duda me ensinou o jeito certo
de amar seus filhotes.
Duda sempre foi uma cachorra muito
prestimosa como diz meu pai. Ela sempre estava fazendo a sua função de mãe
zelosa e carinhosa, limpando os que estavam sujos de xixi e coco, dava mama aos
que estavam com fome, vigiava-os e brincava com eles mesmo que muita das vezes
os derrubava e os pisava. Mesmo grandes, Duda comia as fezes que os filhotes faziam.
Eu acho que ela tinha alguma mania por limpeza. Nós sempre a advertíamos e a
censurava, pois além de nojento era perigoso. Os filhotes já tinham sido
vermifugados, ela poderia ficar doente. Mas Duda não cessava, queria deixar
seus filhotes sempre limpos e fortes. O fato é que ela conseguiu, seus filhos
fizeram grande sucesso na feira de animais, não sobrou nenhum. Só que o que
tínhamos medo aconteceu.
Duda logo depois que os cachorros
foram embora, eliminou sangue. Meu pai vendo ficou horrorizado a levou logo a
veterinária. E para a não surpresa de todos, Duda estava com verme. Duda quase
morreu e nós passamos o natal e ano novo preocupados. Gastamos tudo o que
recebemos na feira com a Duda, mas pelo menos recebemos a Duda de volta, sã e
salva. Depois disso, nós resolvemos nunca mais deixar a Duda cruzar apesar dela
gostar e saber que sua função é ser mãe
Duda foi uma mãe e tanto e nos
ensina o verdadeiro amor de uma mãe. Duda se sacrificou para ver seus filhotes
limpos e saudáveis. Um amor que os vigiava e que os acompanhava até o fim.
Quantos exemplos de mães nós temos na bíblia. Exemplos de mãe que ficou aos pés
da cruz e perto do sofrimento de seu filho Jesus. Mãe que vigiou os corpos de
seus filhos para que nenhum animal os pudesse consumir (II Samuel 21:1-14). Mãe que teve a coragem de enviar seu filho nas águas do Jordão como em Êxodo
2:3. O amor de mãe é tão forte que pode
se comparar com o amor de Deus. Deus nos ama como mãe e pai, Ele cuida, se
sacrifica por nós, nos guarda, nos alimenta com seu espírito, nos abençoa com
presentes e nos ensina no caminho em que devemos andar. Por mais perdidos que
possamos estar Deus nos encontra atrás da geladeira, e Ele nos conhece muito
antes da nossa gestação. Buscar este amor profundo e inteiro deve ser o nosso
objetivo de vida experimentando tudo de bom que nosso pai tem guardado para
nós. E da mesma forma devemos buscar revelar em nós este amor de mãe, capaz de
fazer tudo para suas crias. Sejam carinhosos, amorosos com os seus filhos, família, e amigos. Seja corajosa
e loucamente apaixonada pela vida e pela geração da vida, seja física ou
espiritual.
3 comentários:
Lindo texto, emocionante mesmo. Sinto pela Duda, mas fico feliz por saber o quanto ela tocou a sua vida.Também tenho cachorros e eles também me oferecem muitas lições de amor.
Sim, muitas, basta que possamos estar com mente e coração abertos para aprender. Abraços LILIAN
excelente texto, mas a história de comer as fezes era mesmo muito nojento.
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