O projeto Somadores de histórias teve inicio no dia 23 de abril de 2014,
e teve como primeiro tema abordado:o medo. Foi uma escolha proposital porque eu
sabia que o primeiro medo a ser enfrentado pelo grupo seria o próprio medo de
se expor, de se abrir, contar sobre si, seus medos,anseios. E também porque sei
que as mulheres indígenas tiveram que vencer muitos medos para sair da tribo e
lutar pela vida.
Em unanimidade as indígenas apontaram o “homem branco” como sendo seu
maior medo. Barbudo, sem barba, desfigurado, careca com olhos esbugalhados,
foram as varias formas que o homem branco apareceu desenhado no quadro branco
que revelava o maior medo de cada um. Teve uma que acrescentou o medo do escuro
também, mas porque sabia que no escuro o homem faz coisas inimagináveis. Sendo
assim a violência, e os possíveis efeitos do relacionamento com o branco foram
os medos mais comentados.
Contei a elas sobre os meus medos, os antigos, os atuais, e aqueles
que passam quando penso no futuro. E assim nosso café com biscoito mostrou que
apesar da língua, da cor, das nossas histórias serem diferentes, temos medos
parecidos.
O medo não nos torna fracas, não nos elege medíocres, mas nos mostra
que estamos vivas e lutando para sobreviver. Saber lidar com ele é a saída viável.
Saída esta que se torna sinônimo de amar, amar a Deus, a vida, pessoas, tribos,
simplesmente amar. Porque o verdadeiro amor lança fora todo o medo. 1 João 18.